3 de dez. de 2016

3-12-16
Um pedaço de mim se espatifou
Na volta à Colômbia
Em busca de Eldorado
Não houve explosão visível
Nem incêndio, aparentemente acabou o combustível
Meu coração regressou, sobrou por aqui um pedaço, um fígado, um estômago talvez.
Uma blindagem que me lacra a alma mas deixa a genitália de fora.
Então é isso. A ordem cósmica se restabelece, se alinha.
Mas fica a sequela, a cicatriz protuberante, a sede de fome...
Vejo como muitas coisas coisas foram aprendidas, como não cometeria os erros mesmos... mas resta ainda a ilusão infantil frustrada, a decepção intensa
Como foi possível acabar o combustível?
Funções vitais preservadas e bola pra frente, aceitando as verdades e também a dose de mentira que nos mantém vivos até o dia seguinte.
E assim vou me adaptando ao coração espatifado...

12 de nov. de 2016

12-11-16

Eu sonhei com você 
Tão doce e delicada

Surpresas inesperadas
Em ocasião impensada, me guardava

Sei que foi um delírio de mente conturbada e adormecida

No mundo onírico o que nos encontra disfarçado pode ser simplesmente "nós mesmos"...

Por hora preferiria acreditar que foste você, meu tesouro

Vieste há 10 noites mas ainda sinto a paz que me deixaste

Meu anjo, escolheste a melhor "roupa" e me deste tudo que eu precisava

Despertei achando que eras um humano amado, mas aos poucos percebo que era você...

8 de nov. de 2016

8-11-16

Hoje podia não ser amanhã ainda
Aqui dentro já raiou o dia novo antes do desfecho do presente
Ansiedade mórbida, cadavérica 
Hoje podia não ser carnaval antes do natal, podia ser só o agora
Pleno, cheio de minutos e brisa
Mas há uma euforia lancinante e descabida
A dose de mau do século foi à mais ou a mentira ingerida de menos?
Sei que logo mais reviverei e este pico de queda será irrisória passagem
Mas a mente ferve em dores inexplicáveis... e como? se ainda ontem me deitei nos doces braços da meditação?
Então eu queria um presente, absolutamente aqui, abençoado.

27 de out. de 2016

02-09-16

Nos submundos gelados e quentes
Há subcéus estrelados

Sacerdotes e oráculos da imensidão da verdade estreita das ruas

Relances de consciência no clarão da embriaguez mais escura

Ele passa pelas esquinas

Algo está errado, tem de estar

Ela assume uma forma nova, bem antiga

Ele joga o cigarro, a humanidade vai com o cigarro, fica a raiva

Ela não vê que o cigarro da marca mais repugnante continua aceso nas dobras do asfalto, mas já sabe tudo que precisa

"- Você não é daqui, não é mesmo?"
"- ..."
"- Uma garota daqui não repara se eu não apago o meu cigarro direito!"
"- Qual cigarro?"

Ela devorou a isca, mas sempre soube que havia por trás o caçador.

Normalmente a isca lhe basta e a caçada continua, nas horas eternas entre o fim do dia e o momento mais belo antes do amanhecer, o outro lado da manhã...

26 de set. de 2016

23-09-15


o J a z z
um leve toque


com a garra
de unhas de aço
da rocha

o Perfume
Uma benção de maldições

Batom
Castigo com premiações

A juventude que me fez levitar tinha o lastro de antigas encarnações
Eu fui arrastado, Senhor. Mas sei das minhas falhas

Vi e senti um mundo cair sobre sobre mim. E este não é o dramático. Este sou eu.

Levado por devaneios humanos e mundanos abusei dos sentidos e dádivas e trilhei provações tremendas que me deixaram muitos "bad clusters" na mente...


25-09-16

Ele tomou a bebida das oferendas

Era um dia de cão
dor e sofrimento na cidade

A solidão o pegou firme naquele tempo

Um frio no coração

A cabeça quente como uma chapa de padaria

A alma vazia e machucada, cicatrizes de fatos temerários
de desilusões de grandes dimensões.

Ele tomou a bebida das oferendas
espantou os cães das beiradas da cidade...

Whisky japonês, torta escocesa, relógio francês
espada baiana, terno holandês, charuto italiano,
batuque alemão, vinho suíço, nazista cubano...

A música era indigesta, toda letra revogada,
todos órgãos rejeitados.

A chapa da cabeça fritou o cérebro que derreteu e saiu pelo nariz,
mas a enxaqueca continuou, estranhamente (?)

Aquele foi um dia de cão, de tantos tempos
se arrastando, sendo humilhado pelos minutos,
julgado a cada hora nova e velha.

Mas o dia seguinte chega para o justo humano
que segue, que valoriza a vida ainda que insana.

Só viu quem foi, só sabe quem passou...

14 de jan. de 2016

14-01-16

O que fazemos aqui?
Adormecendo com sorte
Sob os escombros de vidas bem planejadas
sabotadas e arruinadas por histórias já contadas

O que fazemos ó senhor das respostas vagas
da fala sutil demais?
Um dia entretidos em jogos infantis e num piscar de olhos murchando sob o olhar severo das estações

Eu tento conservar uma paz interior
de estudante sem anseios
Sem aspirações de grandezas
Mas é um esforço que devora luz demais...

Todas as noites sob estes escombros
Afastando os insetos e pensamentos corrosivos
Sem lembrar os nomes, carregando os erros
Um fardo de pedras de anos...