XENOFOBISMO VELADO
Sendo
passageiro relativamente freqüente de viagens internacionais tenho de expressar
o meu descontentamento com o comportamento, ao meu ver inadequado, de inúmeros
compatriotas.
De
tal feita que ao encontrar-me com tais indivíduos supera o sentimento de alegria
e familiaridade uma repulsa aos modos de minha gente.
É
um bufar asqueroso a quaisquer cinco minutos de atrasos decorrentes dos
embaraços comuns das operações de embarque, desembarque e aduana.
É
um irritante xenofobismo velado seguido de uma falta de interesse pela cultura,
língua e forma de ser dos outros povos.
Seria
pedir demais um “thank you” ou “muchas gracias” de povo tão ilhado em seu
idioma e costumes?
Um
simples sorriso ou olhar empático teriam o mesmo efeito, mas a delicadeza é
demasiado escassa...
O
fato de raramente viajarem sós, estando quase sempre em número superior a três,
lhes incrementa a natureza insular e o nauseabundo ruído de comentários jocosos
sobre os tipos genéticos e acentos estrangeiros.
O
que anda acontecendo?
Que
processo deletério da educação e regras de bom comportamento social tem
ocorrido?
Meus
pais não me ensinaram assim, tampouco o fizeram os dos meus melhores amigos.
Me
nego a aceitar a dura realidade de pertencer a uma minoria a pouco e pouco
esmagada.
Tenho
ainda que relatar importante feição deste fenômeno. Ele nada tem a ver com o
poder aquisitivo ou classe social. Até me arrisco: é justamente nas classes
sociais mais abastadas que se prolifera com mais intensidade tal anomalia
comportamental.
Não
quero pertencer a um país de novos ricos incultos e mal educados que desconhece
ou finge não ver os problemas de seu próprio país! Não quero e nego-me a tal.
Aos
que lêem esta mensagem fica a opção de aceitar esta atitude deturpada ou
combatê-la da única forma possível: a boa educação de nossas crianças.